sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Obrigado.

Adeus. Percebi hoje que saí sem dizê-lo. Percebi só agora, que nossa história acabou, mas não foi encerrada. Até dizer “adeus”, eu permaneço em débito com você. Quebrei a primeira regra da boa educação, me esqueci das palavrinhas mágicas. Educação nunca foi nosso forte. A intensidade não nos deu tempo para as formalidades. O amor é mesmo meio desbocado.

Por favor, não perca a doçura com a qual lê Clarice Lispector, nem perca o brilho nos olhos quando é Natal. Por favor, continue pensando longe enquanto cozinha, continue tomando seus banhos demorados, continue se divertindo enquanto lava o carro. Por favor, tenha na agenda mais contatos de amigos que de deliverys.

Por favor, viva amores ainda mais loucos. Sim, tem gente bem mais maluca que eu no mercado. Se apaixone perdidamente por um chinês de fala engraçada, um francês refinado e falante e logo depois, se entregue também para um geek cheio de humor. Não se preocupe em entender se é amor ou paixão, você mesmo me ensinou que estas são definições rasas para traduzir a vontade de estar junto ou não.

Assim como saí sem dizer “adeus”, você entrou sem pedir licença. Num dia comum, um sábado cinza, você pediu companhia para ir até o supermercado e eu implorei que, por favor, não me deixasse sozinho, nunca mais. Eu nunca soube ser só. E, irônicamente, também nunca aprendi a ser tão seu quanto você queria. Eu não queria ser solitário, nem queria ser teu. Queria ser meu, contigo. Me desculpe.

Eu me despedi de você enquanto o carro se afastava do nosso antigo bairro, me despedi enquanto chorava no banho, enquanto comprava roupas novas que você jamais aprovaria. Me despedi enquanto quebrava suas regras, que não se aplicavam mais a mim. Me despedi, quando tive vontade de ligar e não liguei, quando quis responder a você chamando e não o fiz. Me despedi, mas não disse “adeus”, ainda.

Digo que saí sem me despedir, porque as últimas palavras mágicas da boa educação, ensinadas por nossas mães, logo após “por favor” ,“com licença “ e  “desculpe-me” não é “adeus”, mas “obrigado”. Obrigado, Pequeno.

Adeus.

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